domingo, 13 de julho de 2008

Reflectindo...


A construção deste webfolio de investigação educacional deu a conhecer aos visitantes os principais conteúdos explorados na unidade curricular de Investigação curricular do Mestrado em Supervisão Pedagógica da Universidade Aberta. Ao longo do presente ano lectivo (2007/08), mais concretamente no 2º semestre foram desenvolvidos conteúdos que clarificaram aspectos fundamentais a desenvolver numa investigação educacional, o que facilitará o desenvolvimento da tese de dissertação que tenciono efectivar no próximo ano lectivo.
No webfólio podem ser lidas e analisados pequenos textos que resultaram dos estudos, leituras e bibliografia consultada, não podendo esquecer que alguns resultaram das reflexões realizadas pelo grupo laranja e nas discussões realizadas na plataforma Moodle destinada aos mestrandos. Contudo, convém salientar que neste blog reflexivo apenas podem ser lidas pequenas reflexões ou excertos de referências que espelham as principais ideias retiradas do meu estudo na unidade curricular supracitada.
Este webfólio tornou-se num excelente instrumento de trabalho pois permitiu estruturar todo o meu percurso pela unidade curricular. Apesar de este instrumento apresentar grandes potencialidades instrutivas, pelo seu carácter organizativo, metódico e reflexivo, o mesmo exige uma disponibilidade de tempo a quem o constrói. Assim, esta foi sem dúvida a maior dificuldade sentida, mas com muito esforço e dedicação, acredito ter conseguido atingir os objectivos inicialmente traçados.
Apesar de ter anteriormente, no meu percurso profissional, explorado este tipo de instrumento, confesso que senti algumas dificuldades na construção deste blog, principalmente ao nível da formatação que considero um pouco complexa.
Em suma, todo o trabalho desenvolvido nesta unidade curricular proporcionou-me aprofundar temáticas relacionadas com a investigação educacional. Muitas dificuldades foram sentidas, mas com o estudo e esforço foram sendo dissipadas. O trabalho desenvolvido em grupo foi fundamental para a estruturação dos conteúdos, clarificando, com a ajuda dos colegas, as dúvidas e inquietações sentidas.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Questões Éticas na Investigação Educacional


Em qualquer tipo de investigação educacional, compete ao investigador tomar decisões relativas a questões éticas que surjam no decorrer da investigação, prevenindo situações de prejuízo para qualquer dos intervenientes e evitando situações de coacção ou de abuso de poder. Em investigação educacional a colaboração voluntária deve e, em geral, pode ser conseguida. A salvaguarda de princípios éticos deve ser uma das preocupações dos investigadores e deveria estar patente em qualquer relatório de investigação e, em particular, nas teses, sejam elas de mestrado ou de doutoramento.



Cada etapa do Processo de Investigação pode assumir-se numa fonte potencial de problemas éticos, que podem resultar fundamentalmente:
· Da própria natureza do Projecto de Investigação;
· Do contexto da Investigação;
· Dos procedimentos a adoptar;
· Dos métodos de recolha de dados;
· Da natureza dos dados recolhidos;
· Do tipo de participantes;
· Da aplicação a dar aos dados.



Alguns princípios éticos orientam o Processo de Investigação, nomeadamente:
· Observância dos protocolos vigentes;
· Envolvimentos de todos os participantes na Investigação;
· Negociação com todos aqueles que possam ser afectados pela Investigação;
· Divulgação dos progressos da Investigação;
· Obtenção de autorizações explícitas, incluindo a autorização para utilizar citações;
· Negociação de job description e das condições de trabalho de todas as pessoas envolvidas na Investigação;
· Negociação da participação, na Investigação, de pessoas com pontos de vista diferentes dos do investigador;
· Negociação da periodicidade e do nível de divulgação dos resultados da Investigação;
· Aceitação, pelo investigador, de responsabilidade pela manutenção da confidencialidade;
· Manutenção do direito de divulgação do estudo/investigação;
· Divulgação dos princípios orientadores dos procedimentos a efectuar durante a Investigação.

Bibliografia:
"Questões Éticas em Investigação Educacional" - Margarida Isabel de Jesus Costa (DEFCUL - Metodologia de Investigação I - Ano Lectivo 2004/2005)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Análise Qualitativa de Dados _ Estudo de Caso

Segundo Bogdan e Biklen (1994), a investigação qualitativa surgiu no final do século XIX e inicio do século XX, atingindo o seu apogeu, nas décadas de 60 e 70 através do surgimento de novos estudos e sua divulgação. A investigação qualitativa tem na sua essência, segundo Bogdan e Biklen (1994), cinco características: (1) a fonte directa dos dados é o ambiente natural, enquanto que o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados; (2) os dados que o investigador recolhe são principalmente de carácter descritivo; (3) os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo em si, do que propriamente pelos resultados; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva e (5) o investigador interessa-se acima de tudo, de tentar compreender o significado, que os participantes dão às suas experiências.
Enquanto a investigação quantitativa utiliza dados de natureza numérica que lhe permitem provar relações entre variáveis, a investigação qualitativa utiliza principalmente metodologias que possam criar dados descritivos que lhe permitirá ver o modo de pensar dos participantes numa investigação.
Para Merriam (1988), nas metodologias qualitativas, os intervenientes da investigação não são reduzidos a variáveis isoladas, mas vistos como parte de um todo no seu contexto natural. É de salientar que, ao reduzir pessoas a dados estatísticos, há determinadas características do comportamento humano que são ignoradas. A mesma autora refere que, para se conhecer melhor os seres humanos, a nível do seu pensamento, deverá utilizar-se para esse fim dados descritivos, derivados dos registos e anotações pessoais de comportamentos observados.
Os dados de natureza qualitativa são obtidos num contexto natural ao contrário dos dados de cariz quantitativo, que são elaborados a partir de situações organizadas. Bogdan e Taylor (1986) referem que, nos métodos qualitativos, o investigador deve estar completamente envolvido no campo de acção dos investigados, uma vez que, na sua essência, este método de investigação baseia-se principalmente em conversar, ouvir e permitir a expressão livre dos participantes.
A investigação qualitativa por permitir a subjectividade do investigador na procura do conhecimento, implica que exista uma maior diversificação nos procedimentos metodológicos utilizados na investigação.
O estudo de caso qualitativo caracteriza-se pelo seu carácter descritivo, indutivo, particular e a sua natureza heurística pode levar à compreensão do próprio estudo (Merriam, 1988). Segundo a mesma autora, um estudo de caso é um estudo sobre um fenómeno específico tal como um programa, um acontecimento, uma pessoa, um processo, uma instituição ou um grupo social. Neste tipo de investigação, nomeadamente, o estudo de caso é muito utilizado, quando não se consegue controlar os acontecimentos e, portanto, não é de todo possível manipular as causas do comportamento dos participantes (Yin, 1994). Segundo o mesmo autor, um estudo de caso é uma investigação, que se baseia principalmente no trabalho de campo, estudando uma pessoa, um programa ou uma instituição na sua realidade, utilizando para isso, entrevistas, observações, documentos, questionários e artefactos.
A questão de quando se deve utilizar ou não, este tipo de metodologia é respondida por Ponte (1991) que refere que os estudos de caso não se usam quando se quer conhecer propriedades gerais de toda uma população, para isso utilizam-se outros tipos de metodologias, usam-se sim, para compreender melhor a particularidade de uma dada situação ou um fenómeno em estudo.
Como principais vantagens deste tipo de investigação, temos o método ideal para caracterizar e aprender acerca de um indivíduo em particular. Outra vantagem muito importante nos estudos de caso é o facto de o investigador poder, a qualquer momento da investigação, alterar os métodos da recolha de dados e estruturar novas questões de investigação.
Segundo Tesch (1990), a análise de dados de um estudo de caso pode ser de três tipos: (a) interpretativa que visa analisar ao pormenor todos os dados recolhidos com a finalidade de organizá-los e classificá-los em categorias, que possam explorar e explicar o fenómeno em estudo; (b) estrutural, que analisa dados com a finalidade de se encontrar padrões que possam clarificar e/ou explicar a situação em estudo; e (c) reflexiva que visa, na sua essência, interpretar ou avaliar o fenómeno a ser estudado, quase sempre por julgamento ou intuição do investigador.
Para Yin (1994) a qualidade de um estudo de caso está relacionada com critérios de validade e fiabilidade. A “Validade de Construto”, verifica até que ponto uma medida utilizada num estudo de caso é adequada aos conceitos a serem estudados. A “Validade Interna” avalia em que medida o investigador demonstrou a relação causal entre dois fenómenos observados. A “Validade Externa” mostra até que ponto as conclusões de um estudo de caso podem ser generalizáveis a outras investigações de casos semelhantes. A fiabilidade de um estudo de caso mostra em que medida outros investigadores chegariam a resultados idênticos, utilizando as mesmas metodologias na mesma investigação.
Ainda na mesma linha de pensamento, Lincoln e Guba (citados por Vale, 2004) propõem uma alteração de terminologia, no que diz respeito aos critérios de qualidade numa investigação. Os mesmos autores utilizam os termos credibilidade para o critério da autenticidade de um estudo, a transferibilidade para a sua aplicabilidade, a fidedignidade para a sua consistência e por último a confirmabilidade para o critério da neutralidade de um estudo.
No que diz respeito à “generalização” das conclusões e resultados de um estudo de caso, é necessário salientar que esta metodologia de investigação não tem o propósito de generalizar os resultados obtidos, mas sim de conhecer profundamente casos concretos e particulares (Merriam, 1988 e Yin, 1994).
Bibliografia:
Bogdan R., Biklen S., (1994). Investigação Qualitativa em Educação: Uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Investigação-Acção

A Investigação-Acção trata-se de uma “expressão ambígua, que surge na literatura aplicada a contextos de investigação tão diversificados que se torna quase impossível, na opinião de Goméz et al (1996) ou ainda McTaggart (1997)…chegar a uma conceptualização unívoca.” (Coutinho,2005: 219)
Latorre (2003), nos seus estudos apresentados em “La investigación – acción” , referencia vários autores:
Elliot (1993) define a Investigação-Acção como um estudo de uma situação social que tem como objectivo melhorar a qualidade de acção dentro da mesma; Lomax (1990) define a Investigação-Acção como “uma intervenção na prática profissional com a intenção de proporcionar uma melhoria”; Bartalomé (1986) define a Investigação-Acção como um processo reflexivo que vincula dinamicamente a investigação, a acção e a formação, realizada por profissionais das ciências sociais, acerca da sua própria prática; Com Kemis (1984) a Investigação-Acção não só se constitui como uma ciência prática e moral como também como uma ciência crítica;
A Investigação-Acção pode ser descrita como uma família de metodologias de investigação que incluem acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica. Nos ciclos posteriores, são aperfeiçoados, de modo contínuo, os métodos, os dados e a interpretação feita à luz da experiência (conhecimento) obtida no ciclo anterior. (Dick, B. 1999)
No referencial do ensino-aprendizagem considero que a I-A é também uma forma de ensino e não tão somente uma metodologia para o estudar.
Sanches refere (2005, in Revista Lusófona de Educação, 127) citando Moreira (2001), “A Investigação–Acção usada como estratégia formativa de professores facilita a sua formação reflexiva, promove o seu posicionamento investigativo face à prática e a sua própria emancipação”
De acordo com as nossas pesquisas que temos vindo a realizar, a Investigação-Acção (action-research) considera o "processo de investigação em espiral", interactivo e sempre focado num problema.
De acordo com os mais variados autores destaco as seguintes características da I-A:
Participativa e colaborativa - no sentido em que implica todos os intervenientes no processo. Todos são co-executores na pesquisa.
Prática e interventiva - não se limita ao campo teórico, a descrever uma realidade, intervém nessa mesma realidade. “A acção tem de estar ligada à mudança, é sempre uma acção deliberada” (Coutinho, 2005:222);
Cíclica - a investigação envolve uma espiral de ciclos, nos quais as descobertas iniciais geram possibilidades de mudança, que são então implementadas e avaliadas como introdução do ciclo seguinte. Temos assim um permanente entrelaçar entre teoria e prática, (Cortesão, 1998, citado em Coutinho, 2005:222);
O investigador não é um agente externo que realiza investigação com pessoas, é um co-investigador com e para os interessados nos problemas práticos e na melhoria da realidade, (Zuber –Skerritt,1988);
Critica - a comunidade critica de participantes não procura apenas melhores práticas no seu trabalho, dentro das restrições sociopolíticas dadas, mas também, actuam como agentes de mudança, críticos e autocríticos das eventuais restrições. Mudam o seu ambiente e são transformados no processo (Zuber-Skerritt, 1992);
Auto–avaliativa - as modificações são continuamente avaliadas, numa perspectiva de adaptabilidade e de produção de novos conhecimentos.

Durante e Após a Entrevista

A qualidade da entrevista depende assim do entrevistador que deverá dar ao entrevistado um esquema através do qual ele possa exprimir a sua compreensão das coisas nos seus próprios termos, assim como dar atenção às questões de natureza ética, como:

  • o consentimento do entrevistado (por escrito);
  • o direito à privacidade;
  • o direito à protecção de dados pessoais.

Em relação à entrevista propriamente dita, devemos:

  • apenas tomar notas;
  • fazer registo áudio;
  • fazer registo em vídeo;
  • registo magnético não dispensa a tomada de notas durante a entrevista;
  • observar os elementos não verbais;
  • uso do espaço inter-pessoal para comunicar atitudes;
  • uso de pausas e silêncios;
  • variações em volume, entoação e modulação da voz.

O tipo de perguntas normalmente usadas, são:

  • relativas à experiência / comportamento;
  • de opinião;
  • relativas a questões de natureza afectiva;
  • relativas a conhecimento;
  • relativas a questões de natureza sensorial.

Por outro lado as perguntas podem ser:

  • Perguntas de resposta fechada: pergunta em que todas as respostas estão tipificadas, respondendo-se apenas colocando uma cruz;
  • Perguntas de resposta aberta: que permite amplas respostas;
  • Pergunta de resposta mista: pergunta de resposta em parte fechada e em parte aberta. Por ex. Gosta de ler? Sim X Não Se sim, o que lê_______________
  • Pergunta de resposta múltipla: permite respostas variadas dado que se desdobra em duas ou mais opções a considerar.

Em relação a essas perguntas usadas em entrevistas e segundo Quivy (1992:194) deve-se ter em atenção:

  • O tipo de palavras utilizadas;
  • Se são questões abertas;
  • Minimizar a imposição de respostas;
  • Permitir a respostas nos seus próprios termos;
  • A clareza das questões;
  • A identificação prévia do tipo de linguagem a utilizar;
  • A realização de uma pergunta de cada vez e não de várias ao mesmo tempo.

Estratégias de condução da entrevista:

  • dicas e perguntas de aprofundamento (obter mais detalhe, mais elaboração, melhor clarificação);
  • questões/respostas de apoio e reconhecimento;
  • questões para comunicar neutralidade;
  • questões para comunicar sensibilidade;
  • questões relativas ao controlo da entrevista;

Depois da entrevista:

  • Procurar perceber a qualidade da informação recolhida / dos dados;
  • Escrever de imediato todas as notas que a memória permite.

Uma entrevista semi-estruturada é caracterizada pela existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista. O guião funciona como um checklist, o desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado e mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.

Guião da Entrevista

Um guião de entrevista deve ser estruturado da seguinte forma:
1. Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, nível sociocultural, personalidade, etc.);
2. Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;
3. Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos e dimensões);
4. Estabelecimento do meio de comunicação (oral, escrito, telefone, e-mail, …), do espaço (sala, jardim, …) e do momento (manhã, duração, …);
5. Discriminação dos itens ou características para o guião;
5.1. Elaborar perguntas dos itens, de acordo com o definido nos pontos anteriores;
5.2. Considerar as expectativas do entrevistador;
5.3. Considerar as possíveis expectativas dos leitores/ouvintes;
5.4. Formular perguntas abertas (O que pensa de...?) e fechadas (Gosta de...?);
5.5. Evitar influenciar as respostas;
5.6. Apontar alternativas para eventuais fugas à pergunta;
5.7. Estabelecer o número de perguntas e proceder à sua ordenação, dentro de cada dimensão;
5.8. Adequar as perguntas ao entrevistado, seleccionando um vocabulário claro, acessível e rigoroso (sintaxe e semântica);
6. Produção do guião com boa apresentação gráfica;
6.1. Redigir o cabeçalho com identificação (instituição, proponentes, título, data)
6.2. Incluir uma apresentação sucinta da entrevista, incluindo os objectivos;
6.3. Alinhar as perguntas na vertical e com espaçamento ajustado;
6.4. Utilizar tipo de letra legível, parágrafo justificado, margens da página com 2 cm e, eventualmente, imagens à direita do texto;
7. Validação da entrevista pela análise e crítica de personalidades relevantes.

Vantagens e Desvantagens da Entrevista em Investigação



Vantagens:

  • Permite a recolha de informação rica

  • Bom grau de profundidade

  • Permite recolher os testemunhos, interpretações dos entrevistados, respeitando os seus quadros de referência, a linguagem e as categorias mentais (forma de classificação)
    Permite ao investigador conhecer os conceitos e a linguagem do entrevistado

  • Permite definir dimensões relevantes de atitude e avalia-las melhor
    Permite ter em conta as motivações que determinam diversos comportamentos

  • Permite explorar muita informação

  • Permite interpretar as expressões emitidas
    São flexíveis pois permitem verificar se ambos os intervenientes compreendem o significado das palavras e explicar

  • Dá uma boa amostragem de aspectos que se pretendem investigar

Desvantagens

  • Falta de motivação ou motivação excessiva por parte do entrevistado

  • Possibilidade de respostas falsas, quer conscientes quer inconscientes

  • Depende sempre da capacidade ou incapacidade que as pessoas têm para verbalizar as suas próprias ideias

  • Influência das opiniões do investigador

  • Dificuldades de comunicação

  • Retenção de dados com medo de violação do anonimato

  • Consome muito tempo e é um método relativamente difícil de se trabalhar

  • Tem sempre uma potencialidade ao nível da indução

  • A análise de conteúdo é complicada e difícil

  • Inter-influência entre ambos - o que pode levar à subjectividade

  • Noções pré-concebidas podem influenciar o resultado das entrevistas

  • Envolvem um elevado custo e exigência pessoal

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tipos de Entrevista

A entrevista adopta uma grande variedade de usos e de formas, enquanto a sua duração pode limitar-se a uns breves minutos ou a longos dias. Por outro lado, é referido que existem três características básicas que podem diferenciar as entrevistas:
Entrevistas desenvolvidas entre duas pessoas ou com um grupo de pessoas.
Entrevistas que abarcam um amplo espectro de temas (ex.: biográficas) ou as que incidem sobre um só tema (monotemáticas).
Entrevistas que se diferenciam consoante o maior ou menor grau de pré-determinação ou de estruturação das questões abordadas - entrevista em profundidade não-directiva, entrevista semi-estruturada e entrevista estruturada e estandardizada.
A terceira característica está directamente relacionada com o grau de directividade das perguntas, ou seja uma entrevista em que existe uma menor directividade das questões necessita de estar menos estruturada; em oposição, uma entrevista que tem maior directividade precisa de estar mais estruturada. Em suma, existe uma proporcionalidade directa entre as duas variáveis.
Estes três tipos de entrevista (não estruturada, semi-estruturada e estruturada) têm características próprias. Na primeira, o entrevistador coloca um tema de discussão de forma ambígua e o entrevistado desenvolve o seu próprio raciocínio. No segundo caso, normalmente, existe um guião como quadro de referência porém, o entrevistador aborda este guião de forma flexível, consoante as respostas dadas pelo entrevistado. Estes dois tipos de entrevista estão associados à avaliação qualitativa.
Na investigação quantitativa pode ser usada a entrevista estruturada que é muito próxima de um questionário com perguntas abertas, levando a um menor grau de ambiguidade, quando comparada com os outros tipos de entrevista.


Não Estruturada
·Informal, aberta, etnográfica e in-depth;
·Desenvolve-se no fluir de uma conversa;
·Ocorre com frequência na observação participante;
·Consciência dos entrevistados;
·As questões emergem tipicamente do contexto imediato;
·Não existe um guião prévio estruturado.


Semi-estruturada
· Existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista;
· Procura garantir que os diversos participantes respondam às mesmas questões;
· Não se exige uma ordem rígida nas questões mas que todas sejam cobertas na entrevista;
· O guião funciona como um checklist;
· O desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado;
· Mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.


Estruturada
· Standard e sistemática;
· Importante minimizar a variação entre as questões postas aos entrevistados;
· Maior uniformidade no tipo de informação recolhida;
· Quando há vários entrevistadores;
· Questões colocadas tal como forma previamente escritas;
· As palavras utilizadas são escolhidas e sondadas previamente;
· As categorias possíveis de respostas estão previamente definidas;
· A avaliação das respostas durante a entrevista é reduzida.

Entrevista


“A entrevista é uma conversa com um objectivo.”
(Bingham & Moore: 1924)


Segundo Bogdan e Biklen (1994), na investigação qualitativa, as entrevistas podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com outras técnicas (de recolha de dados), tais como a observação participante e a análise de documentos, entre outras.
O inquérito é um método que visa suscitar um conjunto de discursos individuais, analisá-los e generalizá-los (Ghiglione & Matalon, 2001). Estes inquéritos podem ser de dois tipos, por entrevista ou questionário.
A entrevista é um “método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações (Ketele, 1999: 18). Através de um questionamento oral ou de uma conversa, um indivíduo pode ser questionado sobre os seus actos, as suas percepções ou os seus projectos, existindo uma interacção directa. A interacção directa é uma das possibilidades de abertura entre entrevistador e entrevistado, em que existe um objectivo que se resume a “(…) abrir a área livre dos dois interlocutores no que respeita à matéria da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a área cega do entrevistador.” (Carmo & Ferreira, 1998:126).
A interacção directa nem sempre é fácil, pois estão em questão duas pessoas que podem ser completamente diferentes, e para que ocorra sucesso na entrevista é necessário que exista uma relação de simpatia, que faz gerir três aspectos que poderão ocorrer. São eles, segundo Carmo e Ferreira (1998:126): a influência do entrevistador no entrevistado, as diferenças que entre eles existem (podem ser de ordem racial, cultural, social ou geracional), e a sobreposição de canais de comunicação.
O questionário, outra forma de inquérito, distingue-se da entrevista pelo facto do investigador e do inquirido não interagirem em situação presencial.
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Bibliografia:
  • Bogdan, B. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, Lda.
  • Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da investigação: Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta
  • Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001 [1985]). O inquérito teoria e prática. (4ª ed.). Oeiras: Celta Editora.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Vantagens e Desvantagens da utilização de um inquérito por questionário


Como todos os instrumentos de recolha de informação, o questionário apresenta uma série de vantagens e inconvenientes na sua utilização que é necessário ter em conta. Apresentam-se de seguida algumas delas.

- Desvantagens -
v Processo de elaboração e testagem de itens muito moroso;
v Elevada taxa de não – respostas;
v Não é aplicável a toda a população;
v Nem sempre é fácil a interpretação das respostas;
v É difícil saber se os inquiridos estão a responder o que sentem ou se respondem de acordo com o que pensam que são as nossas expectativas;
v Não é possível ajudar o inquirido em questões mal formuladas.

- Vantagens -
v Permitem recolher informação de um elevado número de respondentes ao mesmo tempo;
v Permitem uma rápida recolha de informação;
v Menor custo:
v Maior sistematização dos resultados fornecidos;
v Maior facilidade de análise.

Etapas da Construção do Questionário


Em investigação educacional, o processo de elaboração e aplicação de um questionário passa por uma série de fases e tem de respeitar um conjunto complexo de procedimentos. A aplicação de um questionário é classificada como uma técnica em que existe uma interacção indirecta com quem responde ao mesmo, daí que seja necessário muito cuidado na elaboração desses questionários.
Assim, as perguntas devem ser:

  • Claras (devem ser compreendidas do mesmo modo por todos os inquiridos);
  • Curtas;
  • Limitadas a um só problema;
  • Directas (evitar fazer perguntas pela negativa);
  • Simples (evitar perguntas duplas);

Para além dos aspectos referidos, acrescentaríamos a necessidade de os inquéritos possuírem instruções claras para quem tem que responder sentir que compreendeu evitando a ambiguidade, assim, devem também possuir questões que não sugiram interpretações que levem ao erro na resposta e que sejam inépcias. Os inquéritos por questionário devem ainda ser acompanhados por uma introdução, em especial se não forem distribuídos por quem os elaborou. Esta introdução deve clarificar os propósitos do questionário e explicitando o tratamento que será dado aos dados recolhidos e garantir a total confidencialidade dos dados que o inquirido colocar no preenchimento do questionário.
Segundo Carmo & Ferreira (1998:137), duas questões devem ser tidas em consideração na elaboração dos questionários, são elas: “o cuidado a ser posto na formulação das perguntas e a forma mediatizada de contactar com os inquiridos”.
Normalmente, os questionários integram vários tipos de perguntas:

  • Perguntas de identificação;
  • Perguntas de informação;
  • Perguntas de descanso;
  • Perguntas de controlo.

Uma questão também importante, é a decisão a tomar quanto à ordenação dos itens do questionário. As primeiras questões podem condicionar as respostas seguintes. Num estudo apresentado por Shuman, Presser e Ludwig (1981), observou-se que as respostas ao questionário dependiam da ordem em que as questões eram colocadas.
Um bom procedimento a ter em conta é começar com questões interessantes que captem a atenção dos respondentes. Assim:

  • Os dados demográficos podem (devem) ser colocados no fim;

  • As questões devem ser colocadas em funil (do geral para o específico);

  • Nas questões sobre raças: usar sempre a mesma ordem em todos os subgrupos da amostra contrabalançando assim o efeito da ordem; recorrer a diferentes ordenações das questões, conforme os subgrupos da amostra, assim neutralizando o efeito da ordem;

  • As questões em filtro, devem ser usadas com cuidado, isto é a questão geral não deve condicionar as mais específicas;

  • As questões inversas, devem ser intercaladas com as questões directas.

Contudo, as questões usadas nos questionários podem ter duas formas: abertas e fechadas. As questões abertas obrigam ao agrupamento por categorias, enquanto nas questões fechadas pode-se obter apenas um tipo de resposta e que pode ter dois significados: a pergunta não traz informação relevante e deve ser excluída, ou a população que respondeu é demasiado homogénea. Nas questões mal colocadas não se consegue categorizar, o que nos obriga à reformulação destas.
As perguntas fechadas são úteis em perguntas que do ponto de vista social são delicadas, como por exemplo, a orientação sexual. Segundo Ghiglione & Matalon (2001), estas questões podem ser construídas de 5 formas:

  • Resposta mais adequada;

  • Várias hipóteses de resposta para escolher, sem limite;

  • Várias hipóteses de resposta para escolher, com limite;

  • Ordenar as diferentes respostas;

  • Ordenar as diferentes respostas, mas com limite.

A elaboração e aplicação de um questionário passam por três fases, segundo Carmo & Ferreira (1998:140-147):

  • Fase preliminar (antes);

  • Decorrer (durante);

  • Fase subsequente (depois).

Fase preliminar

Construção das perguntas (estas devem ser precedidas de entrevistas, de modo a obter informação suficiente para a construção das questões):

  • Em número adequado – estas devem ser em número adequado para responder à problemática em investigação, bem como às características da amostra e do tempo que os participantes terão disponível para responder (Ex.: os inquéritos de rua devem ser curtos);
  • Devem ser fechadas tanto quanto possível, contudo no início devemos ter questões abertas para que os participantes sintam que a sua opinião conta e de forma a suscitar interesse;
  • Compreensíveis para os respondentes;
  • Não ambíguas;
  • Evitar indiscrições gratuitas;
  • Confirmarem-se (através de perguntas de controlo);
  • Abrangerem todos os pontos a questionar;
  • Serem pertinentes relativamente à experiência do inquirido;
  • Recorrer a escalas de atitudes (permitem ao investigador medir atitudes e opiniões dos inquiridos).

Entre as escalas de atitude destacam-se as chamadas escalas de tipo Thurstone (Sim/Não) e as de Likert (1-9). A escala tipo Likert baseia-se nos mesmos princípios que a de Thurstone, mas tem a vantagem de ser mais fácil na sua construção.
Apresentação do questionário (este aspecto é muito importante pois vai ser a imagem da investigação) carece de especial atenção nos seguintes aspectos:

  • Apresentação do investigador;

  • Apresentação do tema a investigar;

  • Instruções claras e precisas;

  • Disposição gráfica;

  • Número de folhas (muitas folhas vai suscitar uma reacção negativa ao inquirido).

Fase do decorrer

Nesta fase deve-se:

  • Aplicar questionários teste para avaliar a sua clareza e rigor, a cerca de 50 pessoas (pré teste);

  • Reformular (se tal se verificar necessário);

  • Aplicar à amostra escolhida.

Fase subsequente

Na fase subsequente (depois) deve-se:

  • Efectuar uma primeira leitura a fim de verificar a fiabilidade das respostas e codificar as respostas a questões abertas (se existirem);

  • Aplicação do questionário;

  • Análise de dados.

Também a análise, ou tratamento dos resultados deve ser , válida e fiável. Dos métodos destacamos os seguintes:
Análise de conteúdo;
Cálculo de índices;
Representação gráfica;
Métodos estatísticos (paramétricos e não paramétricos).


Bibliografia:

  • Bell, Judith (2004) Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Gradiva

  • Carmo, Hermano; Ferreira, Manuela Malheiro (1998) Metodologia da Investigação – Guia para a Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta

  • Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001). O inquérito: teoria e prática. Oeiras: Celta Editora

  • Veiga, F. H. (1996) Recolha de dados: O Questionário. Lisboa: Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Sitografia:
Guide to the Design of Questionnaires
http://www.leeds.ac.uk/iss/documentation/top/top2/top2.html

Investigação por Questionário - Ideias e conceitos


A recolha de dados é um processo organizado de procura de informações, em fontes adequadas e válidas, que tem como objectivo a compreensão de uma dada situação.
Existem algumas questões que devem preceder qualquer recolha de dados:

  • Qual o objectivo?
  • Qual a informação a recolher?
  • Tem utilidade? Tem qualidade? É suficiente?
  • Que fazer com ela?

A recolha de dados ou de informações pode ser feita utilizando vários métodos, com destaque para os seguintes: análise de documentos; inquérito por questionário; observação e entrevista (Veiga, 1996).
Neste caso em particular, interessa-nos abordar o questionário enquanto instrumento de investigação e de recolha de dados, que de acordo com Muñoz (2003) é um instrumento versátil que permite a sua utilização como um instrumento de investigação e de avaliação de pessoas, processos e programas de formação. É uma técnica de avaliação que pode abarcar aspectos qualitativos e quantitativos, sendo muito usada na investigação quantitativa e nos estudos de opinião.
O questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema, constituindo uma parte fundamental de uma boa investigação. Para isso é necessário assegurar que as perguntas são as adequadas e que os dados recolhidos permitem responder à pergunta de partida. Tuckman (2002:308) afirma que “os questionários e as entrevistas são processos para adquirir dados acerca das pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as, ou recolhendo amostras do seu comportamento (…)” (cit. Conceição Brito, 2006).
Não existe um método-padrão para se formular um questionário. Porém, existem algumas recomendações, bem como factores a ter em conta relativamente a essa importante tarefa num processo de pesquisa.

Um questionário é uma lista organizada de perguntas que visa obter informações de natureza muito diversa tais como interesses, motivações, atitudes ou opiniões das pessoas.
Para Tuckman (2002:15-17) “a investigação por inquérito é um tipo específico de investigação que aparece frequentemente no campo da educação” mas adianta que “a interpretação dessas respostas pode não ser a mais correcta, dado não existir um termo de comparação”. O autor é de opinião de que o inquérito é “uma técnica potencialmente muito útil em educação (…) [e] tem um valor inegável na recolha de dados”, o que é reiterado por Bell (1997:100) quando nos diz que “os inquéritos constituem uma forma rápida e relativamente barata de recolher um determinado tipo de informação (…)”(cit. Conceição Brito, 2006).


Referências Bibliográficas:

  • Bell, Judith (2004) Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Gradiva

  • Carmo, Hermano; Ferreira, Manuela Malheiro (1998) Metodologia da Investigação – Guia para a Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta

  • Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001). O inquérito: teoria e prática. Oeiras: Celta Editora

  • Veiga, F. H. (1996) Recolha de dados: O Questionário. Lisboa: Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Métodos Qualitativos de Investigação vs. Métodos Quantitativos de Investigação

Nos métodos qualitativos de investigação regista-se uma predominância de categorizações, de análises mais dissertativas, o maior recurso ao raciocínio indutivos e de menor recurso a cálculos e estatísticos. Entre os diversos tipos de métodos qualitativos utilizados nas várias disciplinas, encontra-se o estudo fenomenológico (procura descobrir a essência dos fenómenos, a sua natureza intrínseca e o sentido que os humanos lhe atribuem), a teoria fundamentada (é, sobretudo, um método de investigação indutiva que tem por objectivo gerar uma teoria a partir dos dados recolhidos, mais do que analisar esses mesmos dados em função de uma teoria já existente), o estudo etnográfico (procura descrever um sistema cultural do ponto de vista das pessoas que partilham a mesma cultura), a investigação-acção, a investigação histórica, entre outros.
Nos métodos quantitativos de investigação, verifica-se a predominância do recurso aos modelos matemáticos e estatísticos, onde as variáveis de estudo são perfeitamente definidas e dominam os cálculos matemáticos e estatísticos.

Qual é o objectivo de um projecto de investigação?

O objectivo de qualquer projecto de investigação é o de produzir novo conhecimento, contribuir para a descoberta de respostas a problemas específicos no domínio da disciplina em que se insere. Ora, se no âmbito das ciências exactas (como a matemática, a física ou a química) ou mesmo no âmbito das ciências médicas, uma descoberta é imediatamente perceptível como novo conhecimento ( p.ex. Teoria da Relatividade, a cura de para uma doença específica, etc), no âmbito das ciências sociais tais “descobertas” não têm de ser inventos revolucionários. Podem ser descobertas modestas para “compreender melhor os significados de um acontecimento ou de uma conduta, a fazer inteligentemente o ponto de situação, a captar com maior perspicácia as lógicas de funcionamento de uma organização, a reflectir acertadamente sobre as implicações de uma decisão política (…) mas raramente se trata de investigações que contribuam para fazer progredir os quadros conceptuais das ciências sociais, ou dos seus modelos de análise ou os seus dispositivos metodológicos.”(3) Em todo o caso, o investigador deve elaborar um trabalho que, em teoria, os outros estudiosos e agentes do ramo não deveriam ignorar, porque diz algo de novo, isto é, acrescenta conhecimento novo naquele domínio.

Referências Bibliográficas:


(3) Quivy, Raymond; Campenhoudt, Luc Van – Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa, Gradiva, 19-20, 50 (1998) 282p.

O que é um projecto de investigação?

Todas as áreas do conhecimento humano têm como propósito essencial o aumento do património de conhecimentos específicos aos temas e assuntos que são objecto do seu estudo e análise. Esse aumento do saber é obtido a partir da resolução de problemas e da obtenção de respostas às incógnitas com que cada disciplina se confronta.
Portanto, um dos meios para a produção de conhecimentos é através da investigação. A investigação é ”um processo sistemático e rigoroso e leva à aquisição de novos conhecimentos (…) quer seja nos domínios das ciências da saúde, das ciências sociais ou das ciências humanas”.(1) O rigor e a sistematização são características centrais da investigação pois “o rigor, do qual depende a exactidão científica tem em parte a capacidade de assegurar uma percepção fiável e correcta da realidade (Gauthier, 1992). Quanto à sistematização, ela resulta do método, isto é, de uma forma organizada e ordenada de alcançar um objectivo.”(1)
Um projecto de investigação é um aprofundamento prático, teórico e/ou técnico, obtido através de uma investigação rigorosa e sistemática de um, ou vários, factos, fenómenos, acontecimentos ou realidades, realizado com vista à descoberta e/ou aumento do património de conhecimentos em determinada área do saber.
Os projectos de investigação podem ter como objectivo a produção de conhecimento totalmente novo (p.ex. a descoberta de um tipo de tratamento para uma doença até então incurável) ou podem simplesmente reunir, analisar criticamente e discutir conhecimentos e informações já publicadas sendo, por isso, considerados resumos de assuntos ou compilações.
Mas, nem todos os autores consideram o trabalho de compilação e resumo do conhecimento já existente como um trabalho de investigação. Umberto Eco (2005) defende que um trabalho de compilação não pode ser considerado um trabalho de investigação pois “o estudante demonstra simplesmente ter examinado criticamente a maior parte da «literatura» existente (ou seja, os trabalhos publicados sobre o assunto) e ter sido capaz de expô-la de modo claro, procurando relacionar os vários pontos de vista, oferecendo assim uma inteligente panorâmica, provavelmente útil do ponto de vista informativo mesmo para um especialista do ramo (…)”(2). Opinião contrária têm outros autores, considerando que apesar de não serem trabalhos originais, os resumos de assuntos e monografias exigem dos seus autores a aplicação dos mesmos métodos e a mesma dedicação que os utilizados em trabalhos originais. É esta a posição de Quivy (1998), Cervo e Bervian (1996)
No meio académico, a elaboração de projectos de investigação é muito requerida, seja para a obtenção de determinados graus académicos, seja como forma de avaliação em disciplinas. Estes trabalhos de investigação em função da sua natureza e valor são denominados de Relatório, Monografia, Dissertação e Tese.

Referências Bibliográficas:
(1) FORTIM, Marie-Fabienne - O Processo de Investigação: da Concepção à Realização. Loures : Lusociência, Coop., 17-18, 62 (1996) 388p.

(2) Eco, Humberto – Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas, Lisboa, Editorial Presença, 29, 33 (2005) 238p.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dicionário de Língua Portuguesa


Iniciar um projecto com a clarificação das palavras-chave permite construir-se um caminho do conhecimento.



investigação do Lat. investigatione
s. f., acto ou efeito de investigar, de pesquisar, de inquirir; indagação minuciosa; pesquisa; inquirição; devassa.


educacional adj. 2 gén., relativo à educação (do Lat. educatione s. f., acto ou efeito de educar; aperfeiçoamento das faculdades humanas; polidez; cortesia; instrução; ensino).

quarta-feira, 26 de março de 2008

BlogueFólio de Investigação Educacional

Caros Professores, colegas e visitantes,

Aqui temos o arranque desta zona pessoal de investigação educacional, em que todos poderão participar.

Cumprimentos
Nelson Azevedo