sexta-feira, 27 de junho de 2008

Análise Qualitativa de Dados _ Estudo de Caso

Segundo Bogdan e Biklen (1994), a investigação qualitativa surgiu no final do século XIX e inicio do século XX, atingindo o seu apogeu, nas décadas de 60 e 70 através do surgimento de novos estudos e sua divulgação. A investigação qualitativa tem na sua essência, segundo Bogdan e Biklen (1994), cinco características: (1) a fonte directa dos dados é o ambiente natural, enquanto que o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados; (2) os dados que o investigador recolhe são principalmente de carácter descritivo; (3) os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo em si, do que propriamente pelos resultados; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva e (5) o investigador interessa-se acima de tudo, de tentar compreender o significado, que os participantes dão às suas experiências.
Enquanto a investigação quantitativa utiliza dados de natureza numérica que lhe permitem provar relações entre variáveis, a investigação qualitativa utiliza principalmente metodologias que possam criar dados descritivos que lhe permitirá ver o modo de pensar dos participantes numa investigação.
Para Merriam (1988), nas metodologias qualitativas, os intervenientes da investigação não são reduzidos a variáveis isoladas, mas vistos como parte de um todo no seu contexto natural. É de salientar que, ao reduzir pessoas a dados estatísticos, há determinadas características do comportamento humano que são ignoradas. A mesma autora refere que, para se conhecer melhor os seres humanos, a nível do seu pensamento, deverá utilizar-se para esse fim dados descritivos, derivados dos registos e anotações pessoais de comportamentos observados.
Os dados de natureza qualitativa são obtidos num contexto natural ao contrário dos dados de cariz quantitativo, que são elaborados a partir de situações organizadas. Bogdan e Taylor (1986) referem que, nos métodos qualitativos, o investigador deve estar completamente envolvido no campo de acção dos investigados, uma vez que, na sua essência, este método de investigação baseia-se principalmente em conversar, ouvir e permitir a expressão livre dos participantes.
A investigação qualitativa por permitir a subjectividade do investigador na procura do conhecimento, implica que exista uma maior diversificação nos procedimentos metodológicos utilizados na investigação.
O estudo de caso qualitativo caracteriza-se pelo seu carácter descritivo, indutivo, particular e a sua natureza heurística pode levar à compreensão do próprio estudo (Merriam, 1988). Segundo a mesma autora, um estudo de caso é um estudo sobre um fenómeno específico tal como um programa, um acontecimento, uma pessoa, um processo, uma instituição ou um grupo social. Neste tipo de investigação, nomeadamente, o estudo de caso é muito utilizado, quando não se consegue controlar os acontecimentos e, portanto, não é de todo possível manipular as causas do comportamento dos participantes (Yin, 1994). Segundo o mesmo autor, um estudo de caso é uma investigação, que se baseia principalmente no trabalho de campo, estudando uma pessoa, um programa ou uma instituição na sua realidade, utilizando para isso, entrevistas, observações, documentos, questionários e artefactos.
A questão de quando se deve utilizar ou não, este tipo de metodologia é respondida por Ponte (1991) que refere que os estudos de caso não se usam quando se quer conhecer propriedades gerais de toda uma população, para isso utilizam-se outros tipos de metodologias, usam-se sim, para compreender melhor a particularidade de uma dada situação ou um fenómeno em estudo.
Como principais vantagens deste tipo de investigação, temos o método ideal para caracterizar e aprender acerca de um indivíduo em particular. Outra vantagem muito importante nos estudos de caso é o facto de o investigador poder, a qualquer momento da investigação, alterar os métodos da recolha de dados e estruturar novas questões de investigação.
Segundo Tesch (1990), a análise de dados de um estudo de caso pode ser de três tipos: (a) interpretativa que visa analisar ao pormenor todos os dados recolhidos com a finalidade de organizá-los e classificá-los em categorias, que possam explorar e explicar o fenómeno em estudo; (b) estrutural, que analisa dados com a finalidade de se encontrar padrões que possam clarificar e/ou explicar a situação em estudo; e (c) reflexiva que visa, na sua essência, interpretar ou avaliar o fenómeno a ser estudado, quase sempre por julgamento ou intuição do investigador.
Para Yin (1994) a qualidade de um estudo de caso está relacionada com critérios de validade e fiabilidade. A “Validade de Construto”, verifica até que ponto uma medida utilizada num estudo de caso é adequada aos conceitos a serem estudados. A “Validade Interna” avalia em que medida o investigador demonstrou a relação causal entre dois fenómenos observados. A “Validade Externa” mostra até que ponto as conclusões de um estudo de caso podem ser generalizáveis a outras investigações de casos semelhantes. A fiabilidade de um estudo de caso mostra em que medida outros investigadores chegariam a resultados idênticos, utilizando as mesmas metodologias na mesma investigação.
Ainda na mesma linha de pensamento, Lincoln e Guba (citados por Vale, 2004) propõem uma alteração de terminologia, no que diz respeito aos critérios de qualidade numa investigação. Os mesmos autores utilizam os termos credibilidade para o critério da autenticidade de um estudo, a transferibilidade para a sua aplicabilidade, a fidedignidade para a sua consistência e por último a confirmabilidade para o critério da neutralidade de um estudo.
No que diz respeito à “generalização” das conclusões e resultados de um estudo de caso, é necessário salientar que esta metodologia de investigação não tem o propósito de generalizar os resultados obtidos, mas sim de conhecer profundamente casos concretos e particulares (Merriam, 1988 e Yin, 1994).
Bibliografia:
Bogdan R., Biklen S., (1994). Investigação Qualitativa em Educação: Uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Investigação-Acção

A Investigação-Acção trata-se de uma “expressão ambígua, que surge na literatura aplicada a contextos de investigação tão diversificados que se torna quase impossível, na opinião de Goméz et al (1996) ou ainda McTaggart (1997)…chegar a uma conceptualização unívoca.” (Coutinho,2005: 219)
Latorre (2003), nos seus estudos apresentados em “La investigación – acción” , referencia vários autores:
Elliot (1993) define a Investigação-Acção como um estudo de uma situação social que tem como objectivo melhorar a qualidade de acção dentro da mesma; Lomax (1990) define a Investigação-Acção como “uma intervenção na prática profissional com a intenção de proporcionar uma melhoria”; Bartalomé (1986) define a Investigação-Acção como um processo reflexivo que vincula dinamicamente a investigação, a acção e a formação, realizada por profissionais das ciências sociais, acerca da sua própria prática; Com Kemis (1984) a Investigação-Acção não só se constitui como uma ciência prática e moral como também como uma ciência crítica;
A Investigação-Acção pode ser descrita como uma família de metodologias de investigação que incluem acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica. Nos ciclos posteriores, são aperfeiçoados, de modo contínuo, os métodos, os dados e a interpretação feita à luz da experiência (conhecimento) obtida no ciclo anterior. (Dick, B. 1999)
No referencial do ensino-aprendizagem considero que a I-A é também uma forma de ensino e não tão somente uma metodologia para o estudar.
Sanches refere (2005, in Revista Lusófona de Educação, 127) citando Moreira (2001), “A Investigação–Acção usada como estratégia formativa de professores facilita a sua formação reflexiva, promove o seu posicionamento investigativo face à prática e a sua própria emancipação”
De acordo com as nossas pesquisas que temos vindo a realizar, a Investigação-Acção (action-research) considera o "processo de investigação em espiral", interactivo e sempre focado num problema.
De acordo com os mais variados autores destaco as seguintes características da I-A:
Participativa e colaborativa - no sentido em que implica todos os intervenientes no processo. Todos são co-executores na pesquisa.
Prática e interventiva - não se limita ao campo teórico, a descrever uma realidade, intervém nessa mesma realidade. “A acção tem de estar ligada à mudança, é sempre uma acção deliberada” (Coutinho, 2005:222);
Cíclica - a investigação envolve uma espiral de ciclos, nos quais as descobertas iniciais geram possibilidades de mudança, que são então implementadas e avaliadas como introdução do ciclo seguinte. Temos assim um permanente entrelaçar entre teoria e prática, (Cortesão, 1998, citado em Coutinho, 2005:222);
O investigador não é um agente externo que realiza investigação com pessoas, é um co-investigador com e para os interessados nos problemas práticos e na melhoria da realidade, (Zuber –Skerritt,1988);
Critica - a comunidade critica de participantes não procura apenas melhores práticas no seu trabalho, dentro das restrições sociopolíticas dadas, mas também, actuam como agentes de mudança, críticos e autocríticos das eventuais restrições. Mudam o seu ambiente e são transformados no processo (Zuber-Skerritt, 1992);
Auto–avaliativa - as modificações são continuamente avaliadas, numa perspectiva de adaptabilidade e de produção de novos conhecimentos.

Durante e Após a Entrevista

A qualidade da entrevista depende assim do entrevistador que deverá dar ao entrevistado um esquema através do qual ele possa exprimir a sua compreensão das coisas nos seus próprios termos, assim como dar atenção às questões de natureza ética, como:

  • o consentimento do entrevistado (por escrito);
  • o direito à privacidade;
  • o direito à protecção de dados pessoais.

Em relação à entrevista propriamente dita, devemos:

  • apenas tomar notas;
  • fazer registo áudio;
  • fazer registo em vídeo;
  • registo magnético não dispensa a tomada de notas durante a entrevista;
  • observar os elementos não verbais;
  • uso do espaço inter-pessoal para comunicar atitudes;
  • uso de pausas e silêncios;
  • variações em volume, entoação e modulação da voz.

O tipo de perguntas normalmente usadas, são:

  • relativas à experiência / comportamento;
  • de opinião;
  • relativas a questões de natureza afectiva;
  • relativas a conhecimento;
  • relativas a questões de natureza sensorial.

Por outro lado as perguntas podem ser:

  • Perguntas de resposta fechada: pergunta em que todas as respostas estão tipificadas, respondendo-se apenas colocando uma cruz;
  • Perguntas de resposta aberta: que permite amplas respostas;
  • Pergunta de resposta mista: pergunta de resposta em parte fechada e em parte aberta. Por ex. Gosta de ler? Sim X Não Se sim, o que lê_______________
  • Pergunta de resposta múltipla: permite respostas variadas dado que se desdobra em duas ou mais opções a considerar.

Em relação a essas perguntas usadas em entrevistas e segundo Quivy (1992:194) deve-se ter em atenção:

  • O tipo de palavras utilizadas;
  • Se são questões abertas;
  • Minimizar a imposição de respostas;
  • Permitir a respostas nos seus próprios termos;
  • A clareza das questões;
  • A identificação prévia do tipo de linguagem a utilizar;
  • A realização de uma pergunta de cada vez e não de várias ao mesmo tempo.

Estratégias de condução da entrevista:

  • dicas e perguntas de aprofundamento (obter mais detalhe, mais elaboração, melhor clarificação);
  • questões/respostas de apoio e reconhecimento;
  • questões para comunicar neutralidade;
  • questões para comunicar sensibilidade;
  • questões relativas ao controlo da entrevista;

Depois da entrevista:

  • Procurar perceber a qualidade da informação recolhida / dos dados;
  • Escrever de imediato todas as notas que a memória permite.

Uma entrevista semi-estruturada é caracterizada pela existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista. O guião funciona como um checklist, o desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado e mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.

Guião da Entrevista

Um guião de entrevista deve ser estruturado da seguinte forma:
1. Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, nível sociocultural, personalidade, etc.);
2. Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;
3. Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos e dimensões);
4. Estabelecimento do meio de comunicação (oral, escrito, telefone, e-mail, …), do espaço (sala, jardim, …) e do momento (manhã, duração, …);
5. Discriminação dos itens ou características para o guião;
5.1. Elaborar perguntas dos itens, de acordo com o definido nos pontos anteriores;
5.2. Considerar as expectativas do entrevistador;
5.3. Considerar as possíveis expectativas dos leitores/ouvintes;
5.4. Formular perguntas abertas (O que pensa de...?) e fechadas (Gosta de...?);
5.5. Evitar influenciar as respostas;
5.6. Apontar alternativas para eventuais fugas à pergunta;
5.7. Estabelecer o número de perguntas e proceder à sua ordenação, dentro de cada dimensão;
5.8. Adequar as perguntas ao entrevistado, seleccionando um vocabulário claro, acessível e rigoroso (sintaxe e semântica);
6. Produção do guião com boa apresentação gráfica;
6.1. Redigir o cabeçalho com identificação (instituição, proponentes, título, data)
6.2. Incluir uma apresentação sucinta da entrevista, incluindo os objectivos;
6.3. Alinhar as perguntas na vertical e com espaçamento ajustado;
6.4. Utilizar tipo de letra legível, parágrafo justificado, margens da página com 2 cm e, eventualmente, imagens à direita do texto;
7. Validação da entrevista pela análise e crítica de personalidades relevantes.

Vantagens e Desvantagens da Entrevista em Investigação



Vantagens:

  • Permite a recolha de informação rica

  • Bom grau de profundidade

  • Permite recolher os testemunhos, interpretações dos entrevistados, respeitando os seus quadros de referência, a linguagem e as categorias mentais (forma de classificação)
    Permite ao investigador conhecer os conceitos e a linguagem do entrevistado

  • Permite definir dimensões relevantes de atitude e avalia-las melhor
    Permite ter em conta as motivações que determinam diversos comportamentos

  • Permite explorar muita informação

  • Permite interpretar as expressões emitidas
    São flexíveis pois permitem verificar se ambos os intervenientes compreendem o significado das palavras e explicar

  • Dá uma boa amostragem de aspectos que se pretendem investigar

Desvantagens

  • Falta de motivação ou motivação excessiva por parte do entrevistado

  • Possibilidade de respostas falsas, quer conscientes quer inconscientes

  • Depende sempre da capacidade ou incapacidade que as pessoas têm para verbalizar as suas próprias ideias

  • Influência das opiniões do investigador

  • Dificuldades de comunicação

  • Retenção de dados com medo de violação do anonimato

  • Consome muito tempo e é um método relativamente difícil de se trabalhar

  • Tem sempre uma potencialidade ao nível da indução

  • A análise de conteúdo é complicada e difícil

  • Inter-influência entre ambos - o que pode levar à subjectividade

  • Noções pré-concebidas podem influenciar o resultado das entrevistas

  • Envolvem um elevado custo e exigência pessoal

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tipos de Entrevista

A entrevista adopta uma grande variedade de usos e de formas, enquanto a sua duração pode limitar-se a uns breves minutos ou a longos dias. Por outro lado, é referido que existem três características básicas que podem diferenciar as entrevistas:
Entrevistas desenvolvidas entre duas pessoas ou com um grupo de pessoas.
Entrevistas que abarcam um amplo espectro de temas (ex.: biográficas) ou as que incidem sobre um só tema (monotemáticas).
Entrevistas que se diferenciam consoante o maior ou menor grau de pré-determinação ou de estruturação das questões abordadas - entrevista em profundidade não-directiva, entrevista semi-estruturada e entrevista estruturada e estandardizada.
A terceira característica está directamente relacionada com o grau de directividade das perguntas, ou seja uma entrevista em que existe uma menor directividade das questões necessita de estar menos estruturada; em oposição, uma entrevista que tem maior directividade precisa de estar mais estruturada. Em suma, existe uma proporcionalidade directa entre as duas variáveis.
Estes três tipos de entrevista (não estruturada, semi-estruturada e estruturada) têm características próprias. Na primeira, o entrevistador coloca um tema de discussão de forma ambígua e o entrevistado desenvolve o seu próprio raciocínio. No segundo caso, normalmente, existe um guião como quadro de referência porém, o entrevistador aborda este guião de forma flexível, consoante as respostas dadas pelo entrevistado. Estes dois tipos de entrevista estão associados à avaliação qualitativa.
Na investigação quantitativa pode ser usada a entrevista estruturada que é muito próxima de um questionário com perguntas abertas, levando a um menor grau de ambiguidade, quando comparada com os outros tipos de entrevista.


Não Estruturada
·Informal, aberta, etnográfica e in-depth;
·Desenvolve-se no fluir de uma conversa;
·Ocorre com frequência na observação participante;
·Consciência dos entrevistados;
·As questões emergem tipicamente do contexto imediato;
·Não existe um guião prévio estruturado.


Semi-estruturada
· Existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista;
· Procura garantir que os diversos participantes respondam às mesmas questões;
· Não se exige uma ordem rígida nas questões mas que todas sejam cobertas na entrevista;
· O guião funciona como um checklist;
· O desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado;
· Mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.


Estruturada
· Standard e sistemática;
· Importante minimizar a variação entre as questões postas aos entrevistados;
· Maior uniformidade no tipo de informação recolhida;
· Quando há vários entrevistadores;
· Questões colocadas tal como forma previamente escritas;
· As palavras utilizadas são escolhidas e sondadas previamente;
· As categorias possíveis de respostas estão previamente definidas;
· A avaliação das respostas durante a entrevista é reduzida.

Entrevista


“A entrevista é uma conversa com um objectivo.”
(Bingham & Moore: 1924)


Segundo Bogdan e Biklen (1994), na investigação qualitativa, as entrevistas podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com outras técnicas (de recolha de dados), tais como a observação participante e a análise de documentos, entre outras.
O inquérito é um método que visa suscitar um conjunto de discursos individuais, analisá-los e generalizá-los (Ghiglione & Matalon, 2001). Estes inquéritos podem ser de dois tipos, por entrevista ou questionário.
A entrevista é um “método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações (Ketele, 1999: 18). Através de um questionamento oral ou de uma conversa, um indivíduo pode ser questionado sobre os seus actos, as suas percepções ou os seus projectos, existindo uma interacção directa. A interacção directa é uma das possibilidades de abertura entre entrevistador e entrevistado, em que existe um objectivo que se resume a “(…) abrir a área livre dos dois interlocutores no que respeita à matéria da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a área cega do entrevistador.” (Carmo & Ferreira, 1998:126).
A interacção directa nem sempre é fácil, pois estão em questão duas pessoas que podem ser completamente diferentes, e para que ocorra sucesso na entrevista é necessário que exista uma relação de simpatia, que faz gerir três aspectos que poderão ocorrer. São eles, segundo Carmo e Ferreira (1998:126): a influência do entrevistador no entrevistado, as diferenças que entre eles existem (podem ser de ordem racial, cultural, social ou geracional), e a sobreposição de canais de comunicação.
O questionário, outra forma de inquérito, distingue-se da entrevista pelo facto do investigador e do inquirido não interagirem em situação presencial.
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Bibliografia:
  • Bogdan, B. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, Lda.
  • Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da investigação: Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta
  • Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001 [1985]). O inquérito teoria e prática. (4ª ed.). Oeiras: Celta Editora.