quinta-feira, 26 de junho de 2008

Investigação-Acção

A Investigação-Acção trata-se de uma “expressão ambígua, que surge na literatura aplicada a contextos de investigação tão diversificados que se torna quase impossível, na opinião de Goméz et al (1996) ou ainda McTaggart (1997)…chegar a uma conceptualização unívoca.” (Coutinho,2005: 219)
Latorre (2003), nos seus estudos apresentados em “La investigación – acción” , referencia vários autores:
Elliot (1993) define a Investigação-Acção como um estudo de uma situação social que tem como objectivo melhorar a qualidade de acção dentro da mesma; Lomax (1990) define a Investigação-Acção como “uma intervenção na prática profissional com a intenção de proporcionar uma melhoria”; Bartalomé (1986) define a Investigação-Acção como um processo reflexivo que vincula dinamicamente a investigação, a acção e a formação, realizada por profissionais das ciências sociais, acerca da sua própria prática; Com Kemis (1984) a Investigação-Acção não só se constitui como uma ciência prática e moral como também como uma ciência crítica;
A Investigação-Acção pode ser descrita como uma família de metodologias de investigação que incluem acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica. Nos ciclos posteriores, são aperfeiçoados, de modo contínuo, os métodos, os dados e a interpretação feita à luz da experiência (conhecimento) obtida no ciclo anterior. (Dick, B. 1999)
No referencial do ensino-aprendizagem considero que a I-A é também uma forma de ensino e não tão somente uma metodologia para o estudar.
Sanches refere (2005, in Revista Lusófona de Educação, 127) citando Moreira (2001), “A Investigação–Acção usada como estratégia formativa de professores facilita a sua formação reflexiva, promove o seu posicionamento investigativo face à prática e a sua própria emancipação”
De acordo com as nossas pesquisas que temos vindo a realizar, a Investigação-Acção (action-research) considera o "processo de investigação em espiral", interactivo e sempre focado num problema.
De acordo com os mais variados autores destaco as seguintes características da I-A:
Participativa e colaborativa - no sentido em que implica todos os intervenientes no processo. Todos são co-executores na pesquisa.
Prática e interventiva - não se limita ao campo teórico, a descrever uma realidade, intervém nessa mesma realidade. “A acção tem de estar ligada à mudança, é sempre uma acção deliberada” (Coutinho, 2005:222);
Cíclica - a investigação envolve uma espiral de ciclos, nos quais as descobertas iniciais geram possibilidades de mudança, que são então implementadas e avaliadas como introdução do ciclo seguinte. Temos assim um permanente entrelaçar entre teoria e prática, (Cortesão, 1998, citado em Coutinho, 2005:222);
O investigador não é um agente externo que realiza investigação com pessoas, é um co-investigador com e para os interessados nos problemas práticos e na melhoria da realidade, (Zuber –Skerritt,1988);
Critica - a comunidade critica de participantes não procura apenas melhores práticas no seu trabalho, dentro das restrições sociopolíticas dadas, mas também, actuam como agentes de mudança, críticos e autocríticos das eventuais restrições. Mudam o seu ambiente e são transformados no processo (Zuber-Skerritt, 1992);
Auto–avaliativa - as modificações são continuamente avaliadas, numa perspectiva de adaptabilidade e de produção de novos conhecimentos.

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